sábado, 12 de enero de 2013

La Mauvaise Réputation / A Má Reputação - George Brassens

O que é cultura? Existe uma cultura universal? Os dicionários de qualquer língua definem "cultura" como: um conjunto de modos de vida, costumes, conhecimentos, faculdades, experiências, treinamentos, crenças, comportamentos, atitudes, valores, objetivos, práticas e qualidades dos humanos em determinado lugar, momento e situação social que pode ser transmitida a outros.
Então, a letra de uma música que apresenta um modo de vida, descreve uma experiencia, mostra certos valores sociais e expõe certas qualidades humanas; se além disso essa letra dessa música é traduzida a mais de 5 línguas... acredito que sim qualifica como expoente de cultura universal.
Uma das maravilhas duma ferramenta de comunicação como a Internet é a possibilidade de transmitir cultura para outros lugares, para pessoas que vivem outras realidades cotidianas e têm outras crenças.
Eu decidi que adicionar mais uma tradução para esta música que já é um perfeito exemplo de cultura universal era irrelevante e um desperdício da ferramenta transmissora de cultura que pode ser a Internet. Em vez disso, tive uma ideia que pode ser muito mais "cultural": recopilar todas as diferentes versões nas muitas línguas que existem.

Para começar, vamos para a origem. O começo é uma simples música de pouquinho mais de 2 minutos, escrita pelo menestrel, filósofo, intérprete, poeta, cantor e compositor, anarquista e "mundólogo" da cultura universal: George Brassens, faz 60 anos em novembro de 1952.
Esta pequena música tem 4 estrofes com rima assonante e um estribilho onde a última frase muda e expressa um certo senso do humor negríssimo como o tabaco que fumava seu autor. Suficiente para entregar uma mensagem anticonformista, antifatalista e contra a pena de morte que pode impulsar o mundo todo... mas também uma clara mensagem antimilitarista e anticlerical que pode entender o mundo todo.
Uma música muito expressiva que reclama contra todos os convencionalismos e as etiquetas, que poderia ser catalogada como revolucionaria - motivo pelo qual foi proibida durante alguns governos/tempos de limitações fortes e mentalidades limitadas - se não fosse tão progressiva e visceral de destacar as qualidades individuais que diferenciam a cada pessoa única e exclusiva... já disse, é um exemplo claríssimo de Cultura Universal.

O nome da música já a descreve por completo: La Mauvaise Réputation.
Traduzida para o português como: A Má Reputação.

Nesta tarefa de recopilação achei que tem 3 versões em português desta música.
A primeira é uma simples tradução:
Na aldeia, sem pretensão,
Eu tinha uma má reputação.
Seja lá o que faça
Passo por um não-sei-o-que!
Mas não faço mal a ninguém
Seguindo meu caminho de bom homem.

Mas as boas pessoas não gostam que
Se siga um caminho distinto deles,
Mas as boas pessoas não gostam que
Se siga um caminho distinto deles,
Todos me maldizem,
Exceto os mudos, é óbvio.

Dia quatorze de julho
Eu fico na minha caminha,
A música que marca o passo,
Em nada isso me atrai.
Mas não faço mal a ninguém,
Não escutando o clarão que soa.

Mas as boas pessoas não gostam que
Se siga um caminho distinto deles,
Mas as boas pessoas não gostam que
Se siga um caminho distinto deles,
Todo o mundo me mostra o dedo
Exceto os manetas, é óbvio.

Quando cruzo com um ladrão desgraçado,
Perseguido por um proprietário;
Eu coloca a perna e calá-lo por quê,
O proprietário se encontra no chão
Mas não faço mal a ninguém,
Deixando correr os ladrões de maçã.

Mas as boas pessoas não gostam que
Se siga um caminho distinto deles,
Mas as boas pessoas não gostam que
Se siga um caminho distinto deles,
Todo o mundo se joga para o meu lado,
Exceto os cochos, é óbvio.

 Não preciso ser Jeremias,
Para adivinhas o destino que me espera,
Se acham uma corda ao seu gosto,
Eles colocaram no meu pescoço,
Mas não faço mal a ninguém,
Seguindo os caminhos que não levam a Roma,

Mas as boas pessoas não gostam que
Se siga um caminho distinto deles,
Mas as boas pessoas não gostam que
Se siga um caminho distinto deles,
Todo mundo virá me ver pendurado,
Exceto os cegos, bem entendido.


A versão de Luís Cília do álbum Marginal de 1981:
Com a letra completa e o arquivo para ouvir no seu site oficial:
Nesta aldeia sem pretensão
Eu tenho má reputação.
Maltrapilho ou engravatado
acham que sou mal comportado.
Porém eu não faço nem mal nem bem
nesta minha vida de zé-ninguém.

Mas que vida mais triste tenho
querendo viver fora do rebanho.
Mas que vida mais triste tenho
querendo viver fora do rebanho.
Sou insultado por toda a gente,
menos p'los mudos - é evidente.

Quando há festa nacional
fico na cama, isso é fatal.
Porque a música militar
nunca me fará levantar.
Porém não me sinto nada culpado
por não gostar de me ver fardado.

Mas os outros não gostam que eu
siga um caminho sem ser o seu.
Mas os outros não gostam que eu
siga um caminho sem ser o seu.
De dedo em riste todos me acusam
salvo os manetas - porque o não usam.

Quando vejo um ladrão sem sorte
fugir dum chui que é bem mais forte,
Meto o pé e com uma rasteira
lá vai o chui pela ribanceira.
Nenhum mal eu faço a quem bem come
deixando escapar um ladrão com fome.

Mas na Guarda Nacional,
não acham isto natural.
Mas na Guarda Nacional,
não acham isto natural.
Todos correm atrás de mim
menos os-coxos - seria o fim.

Nunca na vida fui profeta
mas sei o fim que se projecta.
Vão-me atar a corda ao pescoço
P'ra me lançarem a um poço.
Porque me fecham nesta redoma?
por o meu caminho não ir dar a Roma.

Mas que vida mais triste tenho
só por viver fora do rebanho.
Mas que vida mais triste tenho
só por viver fora do rebanho.
Todos verão o meu funeral
menos os cegos - é natural.


A versão de Bia Krieger do álbum Coeur Vagabond de 2006:
Com o arquivo para ouvir no seu site oficial:
No meu bairro, sem pretensão
Tenho horrível reputação
Todos gritam quando eu me calo
E se escandalizam quando falo
E eu que não pensava que era pecado
Evitar a trilha onde anda o gado.

Mas a gente detesta quem
Não segue as ordens de ninguém
Essa gente detesta quem
Não segue as ordens de ninguém.
Todos me chamam de indecente
Tirando os mudos... Naturalmente

Quando enterram o presidente
Fico na minha cama quente
Que me importa se o rei morreu
Viva o palhaço e viva eu!
E eu que não pensava que era pecado
Ser indiferente a um engravatado.

Mas a gente detesta quem
Não segue as ordens de ninguém
Essa gente detesta quem
Não segue as ordens de ninguém
Todos apontam pro indecente
Fora os manetas... Naturalmente

Se um garoto rouba um melão
E um rico grita "Pega ladrão"!
Não resisto e passo rasteira
E olha o doutor lambendo poeira!
E eu que não pensava que era pecado
Ajudar o menor abandonado.

Mas a gente detesta quem
Não segue as ordens de ninguém
Essa gente detesta quem
Não segue as ordens de ninguém
Todos perseguem o indecente
Fora os pernetas... Naturalmente

Não preciso um mago Merlim
Pra saber qual será meu fim.
No meu bairro à noite se escuta
"Lincha, lincha o filho da mãe!"
E eu que não pensava que era indecência
Seguir o caminho da consciência.

Mas a gente detesta quem
Não segue as ordens de ninguém
Essa gente detesta quem
Não segue as ordens de ninguém
Todos verão meu funeral
Tirando os cegos... É natural!

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