jueves, 7 de mayo de 2009

Cambalache / Cambalacho

Adoro este tango! Como boa portenha já adoro qualquer tango, porem este em particular retrata o sentimento do cidadão criticando ferozmente a realidade social que tem que enfrentar cotidianamente.
Escrito por Enrique Santos Discépolo em 1934 para o filme "Alba de Bandônio" durante a chamada 'década infame' apenas se apegou à inteligência das pessoas que viviam seus versos em carne própria e por esse motivo foi proibido durante todos os golpes de estado.

Uma qualidade atraente é que existem várias versões da letra deste tangão de aqueles. Foram mudando as personagens que se nomeiam na letra de acordo à época em que são cantados, para acentuar essa qualidade de imperecível, de se manter sempre vigente e coladinho à realidade embora já tenham passado mais de 70 anos que foi escrito.
Assim por exemplo aparecem Arturo Toscanini, José Maria Gatica, Ringo Starr, John Lennon, Margaret Thatcher ou José Maria Aznar.

É graças a este tango que conhecemos a famosa frase "A Bíblia e o Aquecedor" que geralmente usamos para dizer algo que abarca demais e junta todas as coisas em um mesmo montão.
E é este tango o que ajudou 'internacionalizar' algumas palavras do nosso lunfardo arrabaldeiro como *Chorro* ou *Afanar*.

Com certeza que a versão mais conhecida é aquela do Julio Sosa, embora também tem sido gravada por Caetano Veloso, Nacha Guevara, Roberto Goyeneche, Julio Iglesias, León Gieco, Joan Manuel Serrat e Andrés Calamaro entre outros.

Aqui deixo três versões, com três cantores diferentes e três letras modificadas; além, lógico, das três traduções em Espanhol, Português e Inglês. Curtam!


Que o mundo foi e será uma porcaria,
Eu já sei...
No ano quinhentos e seis
E no dois mil também!
Que sempre tem tido gatunos,
Maquiaveis e caloteados,
Contentes e amargurados,
Valores e dobros...
No entanto o século vinte
É uma amostra
De maldade insolente
Já não tem quem recuse.
Vivemos derrubados em um merengue
E na mesma lama
Todos mexidos...

Hoje resulta que é a mesma coisa
Ser direito que traidor...!
Ignorante, sábio, rato,
Generoso ou caloteiro!
Todo é igual! Nada é melhor!
Mesmo um burro
Do que um grande professor!
Não tem reprovados nem escalão,
Os imorais nos têm igualado.
Se um vive na impostura
E outro rouba em sua ambição,
Dá o mesmo que seja padre-cura,
Colchoeiro, rei de basto,
Cara-de-pau ou clandestino...

Que falta de respeito,
Que atropelo à razão!
Qualquer é um senhor!
Qualquer é um ladrão!
Misturado com Stavisky vai Dom Bosco
E "A Mignon,"
Dom Chicho e Napoleão,
Carnera e San Martín...
Igual que na vidraça desrespeitosa
Dos cambalachos
Tem se misturado a vida
E ferida por um sabre sem rebite
Vê chorar a Bíblia
Contra um aquecedor.

Século vinte, cambalacho
Problemático e febril!
Quem não chora, não mama,
E quem não maloca é um otário.
Dalhe com certeza! Dalhe que vai!
Que lá no forno
A gente se vai encontrar!
Não penses mais,
Senta-te ao lado.
Que ninguém se importa
Se você nasceu honrado.
Que é o mesmo quem labora
Noite e dia, como um boi
Que quem vive dos outros,
Que quem mata ou quem cura
Ou está fora da lei.

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